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Governo vai permitir que um mesmo imóvel seja usado em mais de uma operação de crédito

Projeto de lei para instituir o Novo Marco de Garantias tem o objetivo de baratear empréstimos e financiamentos

O governo anunciou nesta quinta-feira, 25, um projeto de lei para instituir o Novo Marco de Garantias, com o objetivo de baratear os empréstimos e financiamentos. Uma das novidades é permitir que o mesmo imóvel (casa ou apartamento, por exemplo) possa ser usado como garantia em mais de uma operação de crédito, seja no mesmo banco ou em instituições diferentes. O presidente Jair Bolsonaro participou de cerimônia no Palácio do Planalto, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. LEIA TAMBÉM Apesar dos seguidos aumentos nos juros, mercado está otimista Apesar dos seguidos aumentos nos juros, mercado está otimista A possibilidade de uso de um mesmo imóvel como garantia de mais de uma operação de crédito será viável por meio da extensão da alienação fiduciária ou via instituições gestoras de garantias, as IGGs. Segundo explicação dada em entrevista coletiva à imprensa pelo subsecretário de Política Microeconômica e Financiamento da Infraestrutura, Emmanuel Sousa de Abreu,.

Diminuição de Açõe

Na extensão da alienação fiduciária valerá em operações realizadas num mesmo banco. A alienação fiduciária é justamente quando há a concessão do imóvel como garantia nas operações de crédito. O objetivo do texto é “dirimir controvérsias jurídicas e, assim, minimizar a probabilidade de discussões judiciais no futuro”. Ou seja, deve ficar mais fácil para os bancos pegar os bens dados como garantia nas operações de crédito. Vista de São Paulo / Imóveis Vista da cidade de São Paulo; projeto permite que um mesmo imóvel (casa ou apartamento, por exemplo) possa ser usado como garantia em mais de uma operação de crédito. Foto: Felipe Rau/Estadão -14/7/2021 Na segunda alternativa, a garantia é administrada por alguma IGG, que oferecerá ao tomador de empréstimo uma lista de instituições financeiras credenciadas para oferecer crédito. “Qualquer tipo de garantia pode ser cursado no IGG”, comentou Abreu, citando entre as possibilidades garantias que vão de imóveis e créditos a receber a celular, maquinário de fábricas e estoques, além de garantias concedidas por terceiros como complemento da garantia. Com as IGGs, as garantias dadas ainda poderão ser fracionadas, permitindo um uso maior delas nas operações de crédito.

BRASÍLIA – O governo anunciou nesta quinta-feira, 25, um projeto de lei para instituir o Novo Marco de Garantias, com o objetivo de baratear os empréstimos e financiamentos. Uma das novidades é permitir que o mesmo imóvel (casa ou apartamento, por exemplo) possa ser usado como garantia em mais de uma operação de crédito, seja no mesmo banco ou em instituições diferentes.

O melhor uso das garantias no cenário de retomada econômica pós-pandemia é considerado um catalisador das operações de crédito para quem tem patrimônio (lastro) na busca de financiamentos mais baratos. A proposta é aumentar a eficiência do uso dessas garantias, trazendo maior competitividade ao segmento, como ocorre em outros países. A ideia é permitir que máquinas, estoques de produtos finalizados e até mesmo matérias-primas adquiridas pelas firmas possam ser empenhadas em novos financiamentos. A estimativa do grupo é de que as mudanças possam destravar até R$ 600 bilhões em crédito ao longo dos próximos anos, com a criação de novos produtos financeiros não apenas pelos grandes bancos, mas também pelo próprio setor produtivo. Com a proposta, o comerciante poderá dar em garantia todo seu estoque de uma só vez, sem a necessidade de descrever nenhum bem. A garantia automaticamente deixa de incidir sobre o estoque vendido e passa a incidir sobre o dinheiro da venda e sobre os bens de reposição, sem afetar a operação do comércio. O projeto também garante a conservação das garantias mesmo após a transformação dos bens. Por exemplo, uma indústria poderá usar o seu estoque em lã para garantir um empréstimo com um banco e o estoque em botões para garantir a dívida com outra instituição. Quando esses materiais forem usados para fabricar uma malha, os bancos passam a compartilhar proporcionalmente a garantia com base no novo produto. A reforma do sistema também abrirá um leque maior de modalidades de execução dessas garantias, ficando a critério do devedor e do credor escolher a melhor forma de levar o bem ao mercado. Outra forma de execução que passa a existir é a apropriação direta, que faz sentido quando a operação dentro da cadeia produtiva é garantida por um estoque de materiais. “Estamos devolvendo ao dono da garantia o seu direito de usá-la.

Hoje, você vai ao banco com uma casa de R$ 1 milhão e pega R$ 100 mil emprestado, a casa toda fica para o banco. Está errado. Que tal pensar em uma empresa? Quantos empresários estão precisando de crédito mas não conseguem pegar por não terem garantia?”, afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. “O novo mercado de garantia torna o crédito mais barato para todos os empresários brasileiros, principalmente para os pequenos.” Como exemplo, o secretário citou a importância de ter permitido usar o saque-aniversário do FGTS como garantia para novos empréstimos. Segundo ele, mais de 16 milhões de trabalhadores optaram pela modalidade e movimentam um mercado de R$ 20 bilhões de crédito. Ele afirmou que, com a garantia do FGTS, o empréstimo aos trabalhadores da iniciativa privada é mais barato que o consignado oferecido aos servidores públicos. “Estamos democratizando o acesso à garantia. Esse mercado de garantias vai valer 10 vezes o mercado de alienação fiduciária”, afirmou. O funcionamento das instituições gestoras de garantia será regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)/Crédito: Getty Images.

Com as chamadas Instituições Gestoras de Garantias (IGGs), as garantias dadas ainda poderão ser fracionadas, permitindo um uso maior delas nas operações de crédito. O melhor uso das garantias no cenário de retomada econômica pós-pandemia é considerado um catalisador das operações de crédito para quem tem patrimônio (lastro) na busca de financiamentos mais baratos. A proposta é aumentar a eficiência do uso dessas garantias, trazendo maior competitividade ao segmento, como ocorre em outros países.

A ideia é permitir que máquinas, estoques de produtos finalizados e até mesmo matérias-primas adquiridas pelas firmas possam ser empenhadas em novos financiamentos. Desde o começo do ano, um grupo de especialistas dos setores financeiro e jurídico se reuniu semanalmente para elaborar uma proposta, que foi posta em consulta pública pelo Ministério da Economia naquele mês.

A estimativa do grupo era de que as mudanças poderiam destravar até R$ 600 bilhões em crédito ao longo dos próximos anos, com a criação de novos produtos financeiros não apenas pelos grandes bancos, mas também pelo próprio setor produtivo.

Com a proposta, o comerciante poderá dar em garantia todo seu estoque de uma só vez, sem a necessidade de descrever nenhum bem. A garantia automaticamente deixa de incidir sobre o estoque vendido e passa a incidir sobre o dinheiro da venda e sobre os bens de reposição, sem afetar a operação do comércio.

O projeto também garante a conservação das garantias mesmo após a transformação dos bens. Por exemplo, uma indústria poderá usar o seu estoque em lã para garantir um empréstimo com um banco e o estoque em botões para garantir a dívida com outra instituição. Quando esses materiais forem usados para fabricar uma malha, os bancos passam a compartilhar proporcionalmente a garantia com base no novo produto.

A reforma do sistema também abrirá um leque maior de modalidades de execução dessas garantias, ficando a critério do devedor e do credor escolher a melhor forma de levar o bem ao mercado. Outra forma de execução que passa a existir é a apropriação direta, que faz sentido quando a operação dentro da cadeia produtiva é garantida por um estoque de materiais.

“Estamos devolvendo ao dono da garantia o seu direito de usá-la. Hoje, você vai ao banco com uma casa de R$ 1 milhão e pega R$ 100 mil emprestado, a casa toda fica para o banco. Está errado. Que tal pensar em uma empresa? Quantos empresários estão precisando de crédito mas não conseguem pegar por não terem garantia?”, afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. “O novo mercado de garantia torna o crédito mais barato para todos os empresários brasileiros, principalmente para os pequenos.”

Como exemplo, o secretário citou a importância de ter permitido usar o saque-aniversário do FGTS como garantia para novos empréstimos. Segundo ele, mais de 16 milhões de trabalhadores optaram pela modalidade e movimentam um mercado de R$ 20 bilhões de crédito. Ele afirmou que, com a garantia do FGTS, o empréstimo aos trabalhadores da iniciativa privada é mais barato que o consignado oferecido aos servidores públicos. “Estamos democratizando o acesso à garantia. Esse mercado de garantias vai valer 10 vezes o mercado de alienação fiduciária”, afirmou.

Redação, O Estado de S.Paulo
25/11/2021 – 3 minutos de leitura

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Maior empreendimento imobiliário da América Latina chega a São Paulo

Além de cinco torres residenciais, o Parque Global também conta com um shopping center e um complexo de inovação, saúde e educação

Depois das quedas preocupantes de abril e maio, o mercado imobiliário viu com otimismo sua rápida recuperação. Já em junho, dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) indicaram que as vendas chegaram a 85% do esperado para o mês em São Paulo. Em julho, as vendas de apartamentos novos atingiram 4.341 unidades, número 45,5% superior ao de junho e 21,1% acima do registrado no mesmo mês do ano passado. Em agosto, novo recorde: as vendas foram 46% maiores do que em julho e 44% maiores que no mesmo mês de 2019, de acordo com relatório do Credit Suisse.

Deficit habitacional

A demanda reprimida durante a pandemia não suspendeu o déficit habitacional de 1,16 milhão de moradias no Estado, segundo a Secretaria de Estado da Habitação de São Paulo. Já o avanço da pandemia e o prolongamento do isolamento social fizeram surgir novas circunstâncias: trabalhando em casa, com os filhos em aulas à distância e o mesmo local sendo compartilhado por toda a família, a busca por mais espaço e mais qualidade de vida na cidade cresceu. Os práticos e econômicos compactos passaram a ser preteridos em relação aos imóveis maiores e próximos às áreas verdes..

Tecnologia Digital a cada vez mais entrando dentro do imóvel e com isso novas inovações no setor imobiliário .

“Lançamos duas torres com 243 unidades disponíveis e vendemos 176 em um mês. É surreal. Eu falo para as pessoas virem conhecer, porque é impossível traduzir. Aqui não é um stand de vendas, é uma mostra de decoração, de cultura, de arte, com um trabalho paisagístico impressionante”, conta Luciano Amaral, diretor geral da Benx Incorporadora, parceira da Related Brasil e da Starwood Capital na execução do Parque Global. Localizado em um terreno de 218 mil metros quadrados na Marginal Pinheiros, entre o complexo Cidade Jardim e o Parque Burle Marx, o empreendimento impressiona: são 58 mil m² de área verde residencial, que conta com cinco torres independentes com apartamentos de 142 a 330 m² e unidades suplex de até 552 m², um shopping center e um complexo de inovação, saúde e educação.

O projeto urbanístico tem como inspiração o Hudson Yards, ícone de Nova York. “Temos profissionais da Itália, Inglaterra, Suíça e outros países trabalhando juntos na concepção arquitetônica, no planejamento e na decoração. Por isso falamos em ‘residências internacionais’, que seguem padrões de qualidade e propostas já utilizadas com sucesso em outros países.” Amaral destaca o uso de vidro na fachada em amplas janelas e o diálogo com a área verde exterior. “Fizemos uma recuperação ambiental no terreno e estamos plantando 3.500 espécies da mata atlântica. Privilegiamos árvores grandes para uma praça de 180 m de comprimento de grama livre e mais um bosque de 1,6 km para caminhadas.”

Cultura, lazer, tecnologia e sustentabilidade

Levantamento da imobiliária digital QuintoAndar constata que, enquanto a busca por kitinetes ou studios caiu 6% e 10% durante a pandemia, respectivamente, a demanda subiu 8% por casas na rua e 20% por casas de condomínio. Ter maior número de cômodos também pesa na decisão. A procura por imóveis com apenas um quarto sofreu queda de 10%, enquanto aqueles com 2, 3 ou 4 quartos tiveram alta de aproximadamente 30%. E já que a pandemia restringiu a circulação em locais públicos e o encontro entre amigos, contar com uma estrutura privativa de lazer e cultura enche os olhos de moradores e investidores.

Pensando nisso, o condomínio do Parque Global conta com 5 piscinas, além da piscina privativa em ambiente sob reserva para eventos. Pista de boliche, simulador de golf, quadras de tênis coberta e descoberta, bicicletário, quadras de squash e sala de pilates são outros itens de lazer. Para os amantes de vinhos, um wine bar desenhado pelo escritório de arquitetura Archea Associati, que projetou a vinícola de Antinori, a principal da Itália, localizada na Toscana.

Mas para quem não abre mão do visual, as 5 torres terão 47 andares cada uma, uma delas tem vista 360 graus. Cada torre vai dispor de um jardim exclusivo e terá seu lobby decorado pelo renomado escritório de design inglês United, que assina interiores icônicos dos hotéis W. Marriot e Four Seasons. “Compramos sete esculturas de artistas diferentes. Arthur Lesser, Raul Mourão, Marcelo Silveira, tudo com curadoria da Nara Roesler. Duas delas vão ficar nas áreas externas e cinco vão ficar nos lobbies.”

Todos os apartamentos terão infraestrutura para automação: persiana, ar condicionado, iluminação e aparelhos multimídia. Além disso, o residencial terá o Sistema Global de Segurança (SGS), que vai contar com reconhecimento facial para abertura de cancela, reconhecimento da placa do veículo, monitoramento de perímetro por infravermelho e aplicativos que facilitam o controle e a integração. Elevadores inteligentes atingirão a velocidade de 5 a 6 metros por segundo e um heliponto para drones. Na garagem, pontos para recarga elétrica de automóveis.

O empreendimento conta ainda com a certificação AQUA, que garante a sustentabilidade e uso racional dos recursos naturais durante a construção (descarte correto de resíduos) e no funcionamento das unidades. “Vamos manejar água de reuso para a irrigação de plantas, higienização da garagem, do térreo e de áreas comuns, além do vaso sanitário das áreas privativas. Parte do térreo e o aquecimento das piscinas será feito a partir de energia solar. Nas áreas externas, optamos por materiais mais resistentes e duráveis, que necessitam menos de manutenção e do uso de água e sabão para higienização”, conclui o diretor da Benx.

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Mercado imobiliário de alto padrão tem saldo positivo em 2021

São Paulo e Rio de Janeiro, cidades com metro quadrado mais caro do País, vivem bom momento; na capital paulista, lançamento e vendas batem recorde histórico

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O setor imobiliário permaneceu resistente à pandemia e às incertezas geradas pela política econômica, com o segmento de alto padrão mostrando crescimento significativo e taxas de juros baixos somadas à demanda de compradores que estavam em busca de mais conforto e qualidade de vida durante o isolamento social.

A necessidade de novos empreendimento

A necessidade movimentou os dois principais eixos imobiliários de luxo do País: São Paulo e Rio de Janeiro. Em relação à demanda, pesquisa realizada pelo DataZap+ indicou que houve aumento na participação dos apartamentos de luxo em São Paulo de 3,21%, considerando o período de junho de 2020 a junho 2021. Já no Rio de Janeiro, os apartamentos de luxo, acima de 2 milhões, tiveram alta de 10% em 2021, o que representa 3% mais que o mesmo período de 2020.

No Summit imobiliário 2021, promovido pelo Estadão e parceiros, números do Secovi-SP apontam que em 2021 o mercado paulista pode superar a série histórica em relação a lançamentos e vendas.

Outro ponto que chama atenção é o acumulado de vendas de imóveis com valores acima de R$1,5 milhão, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Até o 3° trimestre (julho) de 2021, foi 23% maior que em 2020, com 13.906 unidades. Já na soma de lançamentos na cidade de São Paulo, o salto é 232% maior referente a 2020, com 23.989 lançamentos.

Dados do Secovi-SP mostram que a comercialização de residências com valor acima dos R$ 1.5 milhão cresceram em 2021. De janeiro a setembro, somam 1849 unidades vendidas em São Paulo, 43% a mais que em 2020. Os lançamentos foram de 29% mais em relação a 2019.

Já no Rio de Janeiro houve crescimento no volume de lançamentos no segmento de empreendimentos mais sofisticados, na ordem de 34% a 35% referente ao mesmo período de 2020. No volume de vendas comparando com 2020, o aumento foi ainda maior, de 72%, segundo dados da Ademi e do Sinduscon no Rio.

Para Cláudio Hermolin, presidente das entidades, o segmento teve um comportamento mais “resiliente” durante a pandemia, já que muitas pessoas repensam o “seu valor de viver”. “Com a busca por mais qualidade de vida, o aumento foi proporcionalmente maior por coberturas, casas e garden, imóveis tradicionalmente mais caros”, diz. Segundo Hermolin, o primeiro trimestre de 2021 é o melhor dos últimos 6 anos, que mostra forte curva de recuperação, mas ainda não alcança patamares do melhor período de 2010 a 2013, onde o mercado teve seu melhor momento.

Para o presidente da Abrainc, Luiz França, os dados reforçam o bom desempenho do setor imobiliário carioca, que está em um processo de retomada e com boas perspectivas para o segundo semestre. “Os segmentos de Alto Padrão, Luxo e Super Luxo também chamam a atenção pelos resultados, já que demonstraram ser produtos atrativos, já que os interessados veem mais vantagens em relação às aplicações financeiras tradicionais”, destaca. Para ele, São Paulo e Rio de Janeiro estão entre os principais mercados, seguidos por Minas Gerais. “São Paulo tem um dos maiores segmentos de imóveis de médio e alto padrão do País, com diversas opções de produtos e comodidades disponíveis, sempre com características inovadoras e atraentes para investidores e moradores.”

Valorização do metro quadrado
Seguindo a tendência de aumento no período, o metro quadrado nos bairros mais valorizados das capitais apresenta alta, pela procura somada à demanda. Segundo o último levantamento do Índice FipeZap, em São Paulo e no Rio de Janeiro, altas acumuladas nos últimos 12 meses (até setembro) foram de 4% e 3%, respectivamente. Na análise geral, São Paulo apresenta o preço médio mais elevado no último mês (R$9.622/m²), seguido por Rio de Janeiro (R$ 9.604/m²), segundo último Índice FipeZap.

No Rio de Janeiro, o Leblon lidera o ranking dos bairros mais caros por metro quadrado, com R$21.686/m², seguido de Ipanema R$18.892/m², Lagoa R$16.4890/m² e Botafogo R$12.687/m². Os dados são da Secovi-RJ.

Segundo Alex Frachetta, CEO da startup Apto, os diferenciais mais buscados pelos cariocas refletem bem o perfil dos empreendimentos da Barra da Tijuca, colocando a região como a preferida da cidade. “Os clientes buscam em sua maioria: alto padrão de acabamento, ampla área de lazer, varanda gourmet com opção de churrasqueira, aquecimento de água por meio de placas solares e com fácil acesso ao trem ou metrô”, diz.

“Foi necessário recuar os lançamentos mais econômicos. Porém, o mercado imobiliário do Rio de Janeiro não parou, as incorporadoras se concentraram em empreendimentos de médio e alto padrão e alguns no centro da cidade, focados em investidores, e isso manteve o setor estável”, explica Fracheta.

O vetor que puxava o mercado imobiliário do Rio de Janeiro foi durante um longo tempo a  zona oeste, destacando bairros como Barra, Recreio e Jacarepaguá. Atualmente, o vetor se inverteu e caminhou para a zona sul, concentrando nos bairros de Ipanema e Leblon o maior volume de lançamentos e vendas da cidade.

Em São Paulo, os imóveis mais caros e disputados seguem com Itaim Bibi
R$15.110/m², Pinheiros R$14.110/m², Jardins R$13.387/m² e Moema R$13.009/m². Felipe Kauffmann, gestor da construtora e imobiliária Kauffmann, informa que os valores de novos empreendimentos nessa região são superiores a R$ 30 mil/m². “Especialmente nos bairros do Itaim Bibi e Vila Nova Conceição, que possuem maior concentração de lançamentos, atualmente, o m² pode chegar a R$ 40 mil. As coberturas chegam a R$ 50/m².

Kauffmann lembra que esses bairros têm uma demanda muito consistente, por estarem bem localizados, próximos de áreas comerciais, por exemplo. O público de alto poder aquisitivo geralmente trabalha em regiões como a Faria Lima e buscam mais mobilidade e fácil acesso aos serviços da cidade.

“Outro ponto, é o bem estar, lazer e qualidade de vida, já que muitos desses bairros estão próximos de parques como o Ibirapuera e Parque do Povo. O entorno oferece opções de comércio e gastronomia compatíveis com o público de alto padrão”, explica. Felipe reforça que, durante a pandemia, houve alta na procura de apartamentos com opções de lazer dentro de casa e espaços mais amplos.

O gestor indica que há uma manutenção dos preços em alta, baseado no leilão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepac) da prefeitura de São Paulo. Em 14 de outubro, o valor do CEPAC foi de R$ 17.600/m² na região da Faria Lima, onde foi leiloado R$213 milhões em Cepacs pela prefeitura. “Não vemos os preços caindo, as empresas continuam comprando e apostando nessa elevação dos preços, principalmente na região”, comenta.

Em outubro, 27, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou para 7,75% a taxa básica de juros (Selic). O setor imobiliário acaba sofrendo, já que os juros podem representar o congelamento dos financiamentos da casa própria. Porém, mesmo com a 6ª alta consecutiva em 2021, o momento é propício para quem busca comprar ou investir em imóveis.

Para Kauffmann a alta dos juros não diminui o poder de compra do segmento de alto padrão. “Por ser um público muito dolarizado, acabam se beneficiando da elevação dos preços. Por isso, não impacta a procura desses clientes em busca de novos negócios para investimentos em empreendimentos mais sofisticados”, afirma.

 

Rafael Moura
04/11/2021 – 6 minutos de leitura

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Convivência nos condomínios se modifica pós pandemia

Leis condominiais sofreram alterações extraordinárias durante isolamento causado pela pandemia; alta de reclamações foi de quase 100% no período

 

Quase todos os dias, vou ao subsolo do prédio onde moro para levar o lixo.
O condomínio disponibiliza diferentes lixeiras coletivas para coleta responsável dos moradores, ou seja, espaço para lixo comum, resíduos orgânicos e recicláveis. Porém, essa separação nem sempre é respeitada à risca. Na vaga da garagem, um condômino estacionava seu carro indevidamente na vaga que eu deixei alguns meses desocupada. Durante o home office, problemas com barulho de obras fora de hora foram situações estressantes durante a pandemia. Acompanhamos discussões, ofensas e xingamentos, abuso de bebidas e festas em horário inapropriado.

Novas regras aos condomínios

Independente do condomínio, as regras estão dispostas sempre na lei. Existe uma legislação com código civil, que traz a partir do artigo 1331 a 1358 regras gerais que precisam de complementação. E essas regras são complementadas em acordo pelos instrumentos existentes dentro do condomínio para regular a convivência. São elas: ConvençãoRegimento Interno e as Deliberações em Assembléia. “Esses regimentos tratam de todas as questões e problemas do condomínio, desde a destinação específica de áreas até o uso de espaços para convivência”, explica Rodrigo Karpat, advogado e especialista em gestão de condomínios, responsável pelo atendimento de mais de 300 condomínios no Brasil, a maioria em São Paulo.

Regras mais rígidas para controle do condomínios estão sendo pensadas para maior segurança e privacidade.

Segundo o advogado, os principais problemas de convívio no âmbito condominial, são chamados dos “5 C ‘s”cachorrocarrocanocriança e calote. Desde a chegada da pandemia, a Covid-19 assumiu o posto de “6º C”: o advogado viu o número de reclamações crescer “100 vezes”, o que demandou assessoria jurídica de todos os síndicos dos empreendimentos atendidos. “Fomos acionados por problemas do dia a dia, relacionados às novas regras. As principais foram: fechamento e abertura das áreas comuns, autorização ou não de visitantes, obrigatoriedade do uso de máscaras e autorização para obras”, afirma.

Houve casos mais sérios, como de moradores de condomínios que cometeram suicídio. “Soltamos uma nota de solidariedade à família, pensamos em ações de conscientização, comunicados preventivos, sempre analisando caso a caso, mas valorizando o espírito de comunidade de cada lugar”, diz Karpat. Foram registradas também ocorrências de atos sexuais em espaços de circulação e problemas causados por morador alcoolizado que acabou invadindo a residência do vizinho. Como era esperado, pessoas ainda criticando as restrições nas áreas comuns do condomínio.

Outro ponto que virou até ação no tribunal revertido pelo advogado envolvia um cachorro. Muitos moradores pegaram animais como companhia durante a pandemia. Rodrigo destaca que adotar um animal é um gesto que exige grande responsabilidade. Uma das dicas é pensar se o porte é adequado para o espaço antes de comprar ou adotar um bichinho, quanto tempo ele vai precisar ficar sozinho e se vai ser possível oferecer a atenção necessária para o seu bem-estar.

Questões envolvendo moradores mais idosos também precisam de atenção. Muitos ficaram restritos a idas ao supermercado e farmácia para compra de itens básicos. Nesses casos, o zelador do prédio foi liberado para ajudar esses moradores buscando sacolas e medicações de emergência. Vale lembrar que moradores que não se adequam às regras do condomínio podem ser advertidos previamente e receber multas previstas na convenção do condomínio. “Grande parte das multas preveem o valor de uma cota condominial e, na reincidência da ocorrência, a multa é dobrada. Essa cláusula é padrão, mas cada condomínio pode agir de acordo com a sua convenção”, explica.

Condôminos podem pedir a saída de morador problemático?

Segundo Karpat, existe a possibilidade legal de impedimento de uso de uma das características da propriedade, que é a posse. Se o morador é declarado antissocial, isso pode ser feito administrativamente baseado no artigo 1.337 do código civil, que prevê a remoção do condômino que reiteradamente prejudica o convívio dos demais. O processo pode ser aberto mediante apresentação de provas e aplicação de multa de até 10 vezes o valor da taxa condominial, sendo decidido em assembleia com voto qualificado dos condôminos. Porém, em casos extremos, a justiça priva o proprietário de morar no imóvel – não significa privar de alugar ou vender a propriedade, mas de exercer o convívio.

Tendências

Muitos condomínios passaram por períodos de desorganização, seja pelo número de ocorrências ou pela troca do síndico ou de funcionários. Essas mudanças aumentaram a necessidade da profissionalização da gestão, “o que valoriza ainda mais o empreendimento e ajuda na modernização de gestão”, defende Rodrigo. Outra tendência é o aumento da automatização dos espaços: o custo da mão de obra é mais cara e mais sensível em casos como o da pandemia. Além de funções de segurança, assembleias de moradores também poderão ser virtuais permanentemente no pós-pandemia. “Muitas pessoas devem ficar em regime de home office de forma permanente, então alguns condomínios deverão ter que mudar seus perfis. Por exemplo: a obra que deveria ocorrer das 8h às 17h passa a ser autorizada apenas aos finais de semana ou em horários alternativos”, diz Rodrigo.

Com o crescimento do home office, muitos condomínios estão repensando áreas comuns para ter cada vez mais opções de serviços que facilitam o dia a dia, como mercado, uma academia maior, armários para receber compras no e-commerce, carro para locação dentro do condomínio e empreendimentos que já oferecem pontos de recarga para carros elétricos. Em setembro, foi decretada em São Paulo a lei estadual que torna obrigatório aos condomínios – comerciais ou residenciais – comunicar aos órgãos de segurança pública ocorrências ou quaisquer indícios de casos de violência doméstica de mulheres, crianças, adolescentes e idosos. A denúncia deve ser feita até 24 horas após o ocorrido. Além disso, os condomínios devem ter placas sobre o teor da nova lei para conhecimento de todos os moradores.

Rafael Moura
22/10/2021

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Representatividade das mulheres cresce no mercado imobiliário, mas equidade segue em construção

Pesquisa aponta que mulheres conquistaram espaços significativos, porém ainda lidam com vieses comportamentais de um segmento muito masculino; 61% afirmaram que já sofreram algum tipo de assédio

As conquistas pela equidade de gênero no mercado imobiliário têm avançado, mesmo que ainda não a passos largos. No Brasil, o exercício da profissão de corretor de imóveis passou a ser permitido para mulheres somente em março de 1958 e, apesar de o número de corretoras ter crescido 144% entre 2003 e 2013, elas são apenas 30% dos profissionais que atuam legalmente na atividade, de acordo com a pesquisa mais recente do COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis). Em São Paulo, as mulheres representam 34% do total de corretores, segundo dados de 2020 do CRECI-SP (Conselho Regional de Fiscalização do Profissional Corretor de Imóveis).

Em outros níveis de atuação do setor, a situação não é muito diferente – e, quando se fala em cargos de liderança, o funil fica ainda mais estreito. O estudo Mulheres no Mercado Imobiliário, realizado pela Datastore em parceria com a especialista em marketing imobiliário Raquel Trevisan e o movimento Mulheres do Imobiliário, focado em apoio, networking e capacitação profissional, ouviu mais de 800 profissionais de todas as regiões brasileiras. Enquanto 93% das entrevistadas reconhecem que vêm conquistando espaços significativos nos últimos anos e 39% têm a percepção de conseguirem as mesmas oportunidades que os homens, somente 28% citaram que os cargos de liderança são ocupados por mulheres.

“Percebi que era só comigo”

O levantamento apontou ainda situações que exigem mudanças contundentes: 61% afirmaram que já sofreram assédio sexual, moral ou verbal no trabalho e 21% não denunciaram por medo de perder o emprego e por não acreditarem no processo punitivo. Outro dado preocupante é que 44% tiveram dificuldade para retornar ao trabalho após a maternidade (número que sobe para 50% no sudeste) e 61% acreditam que ser mãe e profissional no setor de imóveis ainda é um tabu.

Mudanças estruturais

“O mercado imobiliário é machista, masculino e masculinizado”, observa Elisa Tawil, idealizadora do Mulheres do Imobiliário, executiva da eXp Brasil e autora do livro “Proprietárias – A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário” (Maquinaria Editorial). “Machista porque ainda mantém a mulher como coadjuvante, masculino porque é majoritariamente composto por homens – uma voz masculina e branca, aliás – e masculinizado porque as mulheres precisam usar instrumentos masculinos para se desenvolver no mercado, eliminando características mais típicas delas, como empatia e sensibilidade”, explica.

A especialista, que discute a importância da conquista financeira da mulher através do segmento e a relevância de sua participação em todos os níveis do mercado, diz que a ascensão aos cargos de gerência ainda é um degrau quebrado e, no caso dos cargos de liderança, um telhado de vidro. “Só que ter mais mulheres nessas posições é uma questão estratégica para se comunicar com o público-alvo”, defende. “Se antes as palavras patrimônio e matrimônio, que vêm do latim pater e mater (pai e mãe), criaram uma dinâmica de quem deve construir o quê, hoje a família tem um modelo plural. A última pesquisa do IBGE mostrou que 52% da população brasileira são mulheres e metade delas são chefes de família. A mulher é uma grande influenciadora na decisão de compra e essa influência direta é proporcional ao lucro do setor”, ela sublinha.

“Percebi que era só comigo”

Diretora da MBigucci, a advogada, arquiteta e urbanista Roberta Bigucci, pós-graduada em administração financeira, técnica em transações imobiliárias e mãe de quatro filhos, conta que entrou na empresa do pai aos 13 anos como “office girl” da contabilidade. “Eu queria saber como cada área funcionava, aprender mesmo”, diz.